segunda-feira, 18 de abril de 2011

Versos sem Nome




Versos Sem Nome
                    Por Andrea Cristina Lopes

No teu peito,
leito de todos os meus amores
vou desfiando canções,
ilusões do nosso querer.

Nossas calmas madrugadas,
enluaradas e com cheiro de mar,
é templo da nossa jornada,
onde transparentes
somos sementes lançadas,
pessegueiros a florar.

Somos a resposta ao chamado.
Livre de pecado e sem dor,
apenas o doce destino
pré-determinado, traçado
por Algo, a nós, muito Superior.

Você é o que eu mais preciso.
E, sem culpas colho esse amor.
A cada manhã um novo paraíso,
Onde, me dissipo e me encontro
no som amistoso do seu riso
ritual de ternura e calor.




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domingo, 17 de abril de 2011

Versos ao Vento



Versos ao Vento

           Por Andrea Cristina Lopes



Palavras descompostas
Soltas em letras,
Que me vem, acenam-me
Perpassam e passam
Despudoradas
Nas cores do Arlequim
 
Já de posse,  as ordeno
Visto-as com roupagens azuis
Lilazes, carmim
E, as solto novamente ao vento
...
Sopro a poesia
Que passou
E se transformou, enfim.




   


                                *** imagens gogle***


sexta-feira, 15 de abril de 2011

Olhos Ausentes





Olhos ausentes

             Por Andrea Cristina Lopes

Linhas, comandos, campos, nomes
Dígitos, senhas e, dados seguros
E eu, nesse dia, a tudo alheia

 
-vagando-

Meus olhos sôfregos
Só fantasiam flores
Em todo lugar
Por onde o sol
Tateia

 ...
O muro



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quarta-feira, 13 de abril de 2011

O Beijo


O Beijo

      Por Andrea Cristina Lopes

Teus lábios
sedentos perfazem
de mim
um caminho precoce.

E, é doce
o alentar desse desejo
em que são nossos beijos
agridoces

cálices

Neles se calam vorazes
todas as nossas
sedentas

vozes.

 


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terça-feira, 12 de abril de 2011

Natureza Humana



Natureza Humana
         Por Andrea Cristina Lopes


Configura-se tão difícil
o embalar-nos serenos
nos braços sutis da paz.
Se para todos os lados,
para onde quer se olhe,
tantas cores e perfumes,
em doce oferenda se faz.

É inevitável que passemos
atentos e cautelosos, com
nossos passos pelo caminho.
E, como há as flores alegres
que mascaram perfumes,
há as doridas chagas
nos rasgando os breves sonhos
em pontiagudos espinhos.

Sapiência, por vezes é bem
já quase totalmente ausente,
implícita no limiar da humildade.
E proteger nossos olhos,
por vezes é caminho único
indissoluto e alcançável
que leva à felicidade.



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Outras publicações no site
http://www.andreacristinalopes.prosaeverso.net/

 

domingo, 10 de abril de 2011

Em Céu de Despedida




Em Céu de Despedida
              Por Andrea Cristina Lopes


Secaram-se minhas lágrimas
Esquivaram-se meus lábios de risos
Tornaram-se tortos os meus pés
E sequer se sabem onde foram perdidos
Os meus passos

Desprendidos os sonhos
Dos laços, de mil noites sonhadas
Suores e encantos pela madrugada
Queda-se, é findo o mar
Fecha-me o azul dos olhos de outrora

Sem revés, sou lua, tímida, de saída
Cabisbaixa, sigo a esmo em despedida
E não decifro a tormenta que me toma
Lanço mão da última estrofe
Último verso, última adaga
...
Nesse ser o derradeiro sopro
Do que pensei ser minha vida






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segunda-feira, 4 de abril de 2011

Chuva com Chá de Amendoim



Chuva com Chá de Amendoim
                                                    Por Andrea Cristina Lopes




          Hoje o dia amanheceu claramente lindo. Um sol nada tímido levantou seus braços e os estendeu sobre o dia. Tudo permaneceu assim até por perto do meio dia, quando então o tempo começou a fechar-se em promessa de chuva. E forte.

          Já quase final de tarde e a tempestade continuava se derramado lá fora. Aqui dentro, através da vidraça eu pude observá-la e sentir sua frieza. E esse sentimento tem o mágico poder de me transportar para muitos anos atrás, quando ainda era criança.

          Naquela época ao chover durante o dia, dormíamos todos. Mas, não eram cochilos no sofá como raramente hoje fazemos em raras tardes de ócio. Íamos para o quarto, as cinco crianças, naquele espaço entupido com as beliches e o berço, onde a menorzinha dormia, embora ficassem desde as suas canelas e pés para fora, saindo abundante pelos vãos do berço.

          Pegávamos os cobertores e dormíamos. Chegavámos até mesmo a sonhar.

          O único problema que então eu via ou tinha, era de refazer as camas todas, já que sendo eu a mais velha, foi-me dado essa tarefa para imediatamente depois que os pequenos se levantassem.
          Pequenos eramos todos os cinco nessa época. Uns cuidando dos outros, uns se doando aos outros. Tempos difíceis, embora nos fossem tempos tão felizes.

          Quase consigo sentir o cheiro da bebida sendo preparada. Lembro-me que ao inalar sutil aroma da fervura, pensava em tarde de sol, quando podíamos correr livres pelo pasto. Tocando bois de mentirinha ou subindo e descendo das árvores frutíferas em fartura logo ali, mais adiante, há uns cento e cinqüenta metros da casa de quatro cômodos e que contemplava um banheiro apenas e do lado de fora.

          Quando acordávamos depois de um longo sono, sempre tinha uma chaleira cheia até a tampa, com chá de amendoim. Na verdade nunca entendi o porquê de se chamar chá, se este é feito com água e aquele da minha infância, levava muito leite, amendoins torrados e moídos, açúcar e canela. Depois de uma boa fervura o perfume se espalhava pela pequena casa de madeira, cujas paredem sem pintura, exibiam gravuras e desenhos que nossas imaginações criavam.
          Eram pássaros, borboletas, lagartixas, vagalumes  e outros bichos tantos que nos povoavam os olhos e o coração ao criarmos vastas histórias e espalhá-las voejando lentas por nossa imaginação.

          Quando nos levantávamos, depois de duas ou três horas de sono, minha mãe havia preparado bolo, que raras vezes não recebiam, também, recheio de amendoim. É que era cultivo nosso, na pequena chácara.Tínhamos em estoque na tulha de grãos, mas não era sempre. Degustávamos a bebida com o bolo. Era um verdadeiro banquete.

          Um barulho de motor acelerando pela rua bem abaixo da janela por onde hora minam de lembranças meus olhos, tira-me de minha feliz lembrança e me reconduz ao agora.

          Envolvida, nem me apercebi que a tempestade houvera passado e que até uma réstia de sol se atreve a lançar-se em línguas amarelas, as quais refletem na parede ocre do prédio em frente.

          Não sei exatamente o porquê dessa lembrança tão mágica e doce de minha infância ter chegado assim de repente, só sei que sempre que preciso me recobrar eu fujo para lá. É lá que os aromas que assimilo sempre me são um remédio. Paliativo, embora doce remédio para todas as minhas dores, labutas e frustrações. Hoje, sentimentos tão normais e que a vida incessantemente, nessa fase adulta insiste sem me poupar na oferta da dose.

          Vai saber! Dia desses ainda refaço aquele chá de amendoim com aquele bolo em tarde de chuva. Hei de fartar-me com tanto sabor de lembranças mágicas. Quem sabe não me dou "o luxo" de umas duas, três horas de sono durante o dia, também.
          E, talvez como quando criança, dormir de sonhar. Recriando então minhas personagens, ainda que sejam essas imagens ainda percebidas nas rachaduras das paredes da minha pobre e no entanto, tão doce infância. Meu lugar favorito e para onde sempre volto, todas as vezes que sinto extrema necessidade de me reencontrar.


                                   




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