quinta-feira, 10 de novembro de 2011



Reticências
                  Por Andrea Cristina Lopes


Porque a tua presença
Flutua-me por sobre os olhos
Intermitentes
Insones
De infindáveis esperas

Sem tempo
Já não sou nada
Nem ninguém
Nem penso ser

A não ser por essas reticências
Que sempre se acabam por indagar
Nos simples versos
A que me atrevo
Ao te escrever



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Ontem



Ontem

            Por Andrea Cristina Lopes


Perpetuei-me na nuança da tua pele
Fiz-me então refém, sedenta e faminta dela
Um entardecer inteiro numa recém-pintura
Dessa minha inquietante sensibilidade
Ainda úmida a tinta, pelos dias finais, a tela.

Teus olhos, maciços amparos, me tragam
Os únicos que não distam e ainda me retém
E todos teus sonhos de um outrora recente
Pela força de um céu inteiro me fazem ´inda feliz
Afagam-me e, ainda em dias vindouros me têm.

Dos teus lábios sólidos sorvi tempestade inteira
Sabor e aroma de chuva polvilhada com canela
Um desejo candente, reticente, quase esparso
Só saudade infinita de sonhos que não pude ou fiz
E restam meus olhos à praça, pelo vão da janela.





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terça-feira, 8 de novembro de 2011

DOS AMORES IMORTAIS



Dos Amores Imortais

                                 Por Andrea Cristina Lopes



Não sei o quanto nasci
para esses amores imortais,
desmedidos e ditos
sem explicação.

Pois estes sempre
chegam e se/me vão
descuidados,
sem falsos cerimoniais.





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Estranheza



Estranheza

                         Por Andrea Cristina Lopes


E dessa estranheza
Em que me percebo
Determino condições
Para uma reação em cadeia.

O labor por minhas mãos
Ora produzidos
Desenvolvem-se por si só
Mecanicamente
Sem que o interfira
No plantio
Dessa minha ora não razão.

Meus passos, alheios
Vão sortidos e sem finalidade
Não esperam por nada
É apenas um absoluto estranhamento
Desse tempo não comum.

E nesse embalo
Onde falta-me uma metade
Já não respiro saudade alguma
Nem esperança alguma
Sou só e apenas um aparte
Entre os dias que ficaram para trás
E os que me esperam
Depois da noite.





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Ora sim, ora não



Ora sim, Ora não

                         Por Andrea Cristina Lopes

                    Na verdade não parecia ser meu coração que doía. Era um pouco mais que isso. Todas as minhas vísceras eram solidárias e doíam em conjunto.

                    Eu não sentia borboletas no estômago enquanto esperava pela resposta que não vinha. Pareciam-me milhões de pássaros famintos que tentava desesperados, sair em revoada de de dentro de mim.

                     Seria um parto. Um parto múltiplo. Um parto antagônico. Dele morreria a ansiedade que estava consumindo-me já não tão lentamente.

                     De repente, a tosse engasgada. E nem ela era capaz de satisfazer a necessidade de ficar bem, de estar bem, de voltar a sentir-me bem. Tudo era uma questão de alguns passos.

                     Ele estava de costas para mim, observava pela janela.

                     Botei maior atenção. Seus gestos eram muito firmes e imprevisíveis. O pêndulo que equilibrava a certeza oscilava.

                    Quase meio dia indicavam os ponteiros.
                     Expressividade em seu semblante: Ora era o sim, ora era o não.





     


                                                                  ***imagens google***



sábado, 5 de novembro de 2011

Prossigo... Te luando


Prossigo...Te Luando
                                     Por Andrea Cristina Lopes


Acenastes-me as flores  do teu sono
Hieróglifos, de teu afável sonhar
E lugares sacros, imaculados
Para eu (lua) me transportar

Destes-me de beber
Do teu ser, mágica vertente, versar
E conhecer além, num silente voejar
Ao além mar, provar não obstante
A profundeza de um instante
Atido à luz do teu olhar

Me destes emoldurar a lua
Em transversos tateares
E segui luando teus versares
De silenciar estrelas pela noite
Intacto e serenado céu
Calando águas revoltas
In.contidas em tons de adeus
 ...
 O mesmo que em dia pálido
Eu vira ser estampado
No brilho dos olhos seus
 ...
 Deste-me tácito, do teu luar
e eu segui ... Luando
Deste-me implícito, do teu sonhar
e eu segui ... Versando


   
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quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Enquanto


Enquanto
Por Andrea Cristina Lopes

Na noite a cumplicidade dos afetos
Obedece a uma escalada suprema
Pela rota das nebulosas
Estrelas hirtas são poemas.

Na noite sob a penumbra
Amantes repousam serenos
Canteiros revigoram seus galhos
Tin tinam grilos amenos.

Poetas presenciam estrelas
Pela noite onde se aquecem amores
Criptas sacras são tocadas
Umedece o orvalho, às flores.

Nesse tempo irrestrito de silencio
Ao céu eleva-se uma prece
E ouve-se de estrelas a aresta
No brio da noite que adormece.






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Meios e Termos


Meios e termos
Por Andrea Cristina Lopes


As flores prosseguem
estrelas morrem
estrelas nascem
todo o universo
enfim conspira
eu ainda não sei
a que vim.

De tudo que já quis um dia
ou que ainda quero
já não sei como medir
não sei como entender
ou esperar
então só espero
e procuro
não me amargurar.

E isso agora meu Deus?
Que me perde da noção
do que ainda me tenho
e direciona-me
tanto que não há outras ruas
para onde se siga
e nem becos
onde eu possa
esconder-me.

E sem meios
sem termos
ou termos e meios
passeia meu querer
e seu destino
a tudo mais
finito e
alheio.

Este poema estará em meu próximo livro, já em edição: VERSOS VERDES

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