domingo, 1 de dezembro de 2013

Do tempo

        


Do Tempo
 

O hoje manifesta o tempo

tempo de recolhimento

tempo de parar e esperar

que o rio siga

na sua paz de sempre

na sua constância de sempre

na sua ânsia  de ir ao mar.


Que sigam então suas águas

para outra dimensão, outro lugar

onde teus olhos não retardem tanto

a me entrecortarem  outra vez.

E nasçam de novo

novos e atentos

em outro momento

menos densos

de contratempos

...

Talvez.


         Andrea Cristina Lopes  Do livro "Onde pousam as Borboletas"















Flores em Final de dia

 


Flores em final de dia
                                                  Andrea Cristina Lopes 

Entre flores nascidas nos poentes.
através um feixe de segundos,
me é possível à percepção
o doce viver de um anjo luz.

Florecem-me então as horas,
todos os encantos
as alegrias.

E cada sorriso é como se fossem
notas recém inventadas

- gritos para a vida -

que se descobre
quase tardia.



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terça-feira, 7 de agosto de 2012

Antes que o dia finde



 

Antes que o dia finde


... e meus olhos se fechem
preciso apenas de um aparte,
nesse momento que se encerra
essa ponta que quase existe
e ainda resta entre o tudo e o nada

Antes que meus lábios se calem sonolentos
muito o que careço
é um momento de teus olhos
lisos e fugidios para os vales
onde o sol se faz visto
a toda e nova manhã

É só o que preciso
e dizer-te do que se passa
dentro em mim
essa imensidão que não se cala
e não se esvazia de amar-te
sempre e mais
a cada novo dia raiado.

Que sou composta só de sonhos
esses que teço em cada manhã desperta
sonhos leves feito um orvalho
evanecido quando a lua finda

Então, não me deixe ir ainda
não me perca
entre as pequenas estrelas
que gritam, que soam
durante a demora da noite

Não me faça distante
há momentos em que as flores ainda cantam
e repousam... como quem sempre espera

soníferas esferas de alguma luz
macios e claros mantos
réstias de dias antigos
que se deixaram ficar

Acalme por algum tempo
a minha loucura
e adormeça de mim mesma
os meus pensamentos
p´r a que eu poesia
não me faça passar
assim que chegar a noite
e escureça-me o entardecer
...
-uma vez mais-



           ***imagens google***



quinta-feira, 21 de junho de 2012

As flores migram



As flores migram


Tenho me cansado tão facilmente de tudo. Aquilo que me sorria aos olhos, hoje se fecha sem o menor brilho. As crenças, fantasias e loucas ilusões que me foram tanta alegria, deixo-as inanimadas para trás. Não soletro mais os dias. Obrigo-me a esquecê-los ainda que lentamente. Já não possuo ou não me possui a ânsia de retê-los em demasia e afagá los de ternura incerta...

Ganho certa altura e vôo rápida por entre as pequenas canções que tanto brilho me fizeram sentir....

Deixo-me ir... Tenho que afinal passar. Tenho que passar, para que não se desfaçam minhas asas... E passo. Sem conhecer direito, sem comprovar as hipotéticas ilusões de amor sem fim, que se me criaram envoltas em tantos dias de tênues descobertas...

Lampejos de uma luz tão nítida que me fez desacreditar que houvesse outro ofuscar senão aquele. Brilho era que me infiltrava a noite tornando em mágico vindouro dia.

O que está em mim afinal? Mistérios, flores, céus de iluminadas noites de inspiração onde canções e alegrias se tornaram um só?

Um só. Instantes, mistérios... E para todo o sempre um só crer no dia que viria... Que viria um dia cuja luz imortalizasse pele, alma. A sagacidade dos olhos retidos descobririam que se pode crer no impossível...

As luzes não se retiveram... Propagaram-se em barulhos por onde se aqueceram e até onde o foco alçou clarão.

Um dia foi feito numa noite. E, me vi como quem se vê num espelho morno, claro, quase transparente e de uma louca, branda e sumidiça espera. A tão sonhada espera pela vida em cores. A espera pela vida cujo foco fosse sempre a luz... luz, Luz, LUZ...

Não há saída... Mas, aquece-me lembrar que sempre há vida onde as flores migram para lugares de calor... Há sim uma espécie de vida. E, as flores costumam migrar. Vão para o ponto em que a luz se deixe mais facilmente encantar e assim, encontram-se novamente num raio sem fim de céu que nasce a cada novo dia em que o sol acorda...

O sol sempre acorda.
Um dia depois do outro.
E todas as flores migram.
Ah! Elas migram...

 

  

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sábado, 9 de junho de 2012

Paz e Harmonia






Paz e Harmonia
                                      Andrea Cristina Lopes



Que a noite repouse
suaves melodias...
E cada sonho sonhado
seja uma parte paz 

- e uma outra -

toda harmonia...
 


segunda-feira, 14 de maio de 2012

Devido tempo ao Tempo









Devido tempo ao Tempo

Quais passos são,
presumidamente, precisos
Para levar o indivíduo
a si próprio reconhecer

Quantos nomes
em outros nomes são cabidos
Até que pêndulos
vincados no tempo
possam se desfazer

É preciso muito mais
que uma simples lâmina
Para espaçar o que se quer
e o que não

É cabível muito mais
que os argumentos
Para admoestar-nos
a uma nova convicção



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sexta-feira, 11 de maio de 2012

CREPÚSCULO


Crepúsculo
                                               Andrea Cristina Lopes


Entardeço-me de meu tempo
Sigo ausente de mim mesma
posso voar para longe
-  posso ser breve-

Lenta, talvez, ser densa
de tanto resignar meus olhos
com essa música
que me inebria de vida
- de querer vida -

É quase um mantra
esse nome que em meus lábios
tomam a forma certa
sem persuasão
- tempo, espaço, fim -

São sons de asas,
são meus antigos sonhos
em tantas ruas pousados.
São falas perdidas no passado
- tão adormecido de sonhos -

São finas luzes,
iluminando as estradas
denominação definitiva
de tudo aquilo que me professa
para um longuíncuo
além de mim
essa razão de que amar
- é absoluto e infinito -
...
- nessa sempre tua presença-
- essa sempre tua saudade-

 
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quinta-feira, 10 de maio de 2012

No entardecer



No entardecer

                Andrea Cristina Lopes

Encanta-me a poesia que entorpece
suave voo onde os anjos cantam.
Nela, sombras são dissipadas
para um além noite e um além dia...

Além do tempo que de ardis
corrompe os traços joviais
para tão depois desse espaço
simples e complexo, cuja vida
escassa, se é delimitada.

Aquece-me esse roçar de assas
esse silêncio voraz pós dia
que cala somente
p'ra não professar os não vires
e entristecer o novo tempo.

E essa chama que grita
é toda resguardada em flor
em pura  essência de alma
cuja vaga luz jaz silenciada
nas cores douradas
de cada sol que se despede
para dar início à noite.

Aflita de espera, a tarde sorve
derradeiro brilho em linhas
mãos brancas de anjo
encanto de um outro dia
começado no alvorecer
mas, que ora
é uma vez mais
findado.



                 ***imagens google***