Uma nuance de paz
No final das contas, não era nada daquilo em que se cria há tanto.
Findo o espaço de tempo que comporta as horas, soavam apenas alguns gorgeios de pássaros descabidos festejando o sol que se punha.
Uma paz meio que imposta tomava todo o arredor. Parte de uma música se podia ouvir. Teclas que toavam suaves. Um piano que doce irradiava uma melodia.
Vagarosamente, em sol morrente a tarde se finda. Findam-se as esperas. Findam-se as promessas não feitas. Findam-se os olhos em cujo brilho, toda a esperança no belo que ainda não houvera chegado e que no entanto, jamais chegaria. Muito embora não se soubesse disso ainda...
Ressoa uma certa paz. Uma paz não quista, não era a paz que se desejaria. Aquela que como numa nuance que se desfaz, é continuação de alegria. A que enfim chegara vinha como uma cor nova e muito forte. Que de repente é lançada sem volta. Uma paz cuja cor prevalece puramente escurecida. De forma que as vistas se acostumam e não há como ser mudada. É definitiva. Ao menos pelo momento em que é sentida...
A paz era feita de um azul intenso onde os olhos se perdem como se fossem um poço de água escura e profunda... Como uma noite permeada com uma laica claridade de lua. Uma estranha noite de veludo azul. Com a maciez de um grande e desajeitado retalho de veludo azul no espaço. Quase sem se fazer notar...
Os olhos se fecham. Sente-se a paz do momento. O silêncio é tão intenso que pode ser ouvido.
Toda forma de paz é bem vinda.
Que assim seja, até que novamente se esmoreça mais uma noite. E brilhe mais um dia...
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