sábado, 25 de junho de 2011

Juma Durski da Rádio Rock do Juma



Juma Durski da Rádio Rock do Juma
                                                           Por Andrea Cristina Lopes


Quando pensei em começar um blog, sinceramente pensei em divulgar meus trabalhos, meus sonhos, meu amor pela escrita. E por um bom tempo foi assim, mas como o aprendizado se dá a todo momento, e vem de todos os lados, trato logo de absorver o que se me apresenta. Isso vem a confirmar meus conceitos, minhas ideias e meus ideais. Porém divulgar meus próprios textos, minhas parcas escritas se tornou meio que sem sentido, pelo caminho.

Nada me satisfaz mais do que receber um comentário em um post feito, seja no Face Book, Orkut ou no Blog, sobre algo que eu tenha escrito ou divulgado e com isso eu percebi que sinto-me bem, não exatamente pelo comentário em si, mas por que se comprova meu compromisso com o amor ao próximo e com o ato de levar alguma mensagem que propague o amor, a força interior, a amizade que, nesses tempos que vivemos vem de todas as formas e a mais moderna é a virtual.

Nesse sentido foi que percebi, ao disponibilizar mais do meu tempo, ao dedicar-me mais em conhecer meus semelhantes que tantos, assim como eu, já estão muito mais avançados e descobriram esse caminho bem mais cedo.

Refiro-me a uma pessoa em especial. Um internauta, blogueiro, rockeiro e poeta, que dedica quase que integralmente seu tempo para a manutenção de sua Rádio na internet... E, no blog faz postagens basicamente direcionadas ao conteúdo de Rock, porém, intercala sinceras homenagens a amigos e situações vivenciadas no seu dia a dia. Relacionados à família, à sua concepção de cidadão que feito fera, questiona acerca do que lhe rodeia.

Trata-se de uma pessoa séria, não no sentido de carrancudo ou sisudo, isso ele não é mesmo. Mas na determinação com que age para disseminar suas ideias e levar ao próximo a sua mensagem.

Quando pedi-lhe um texto que seria ponto de partida para essa minha simples postagem, disse-me que infelizmente não tinha e indicou-me o texto abaixo, que coloco conteúdo na íntegra para que ao longo desse escrito, saibam a quem me refiro. Não “quem” nome mas quem pessoa e ser humano que merece ser destacado, pois se esmera em fazer destaque daqueles a quem ama ou admira.





JUMA DURSKI........"O DESPADRONIZADO" *****
                                                             Por Juma Durski

 Aqui em minha cidade, muitas pessoas não tem credibilidade em mim! Apesar de ser honesto, filho de pioneiros, muitos não me levam a sério!

Sabem porque? Porque após os 50, as pessoas estão acostumadas a ver o padrão: Homens sisudos, de camisa branca, calça de linho, óculos grossos e pretos, sapatos de bico fino, barriguinha saltada, rsss. Eu odeio isso !

Homens que só falam da economia, das fofocas da cidade, e que são puxa-sacos dos ricos.
Eu odeio isso!

Homens que vão à missa, e após ela, já formam uma rodinha para falar mal dos outros, falar dos adversários políticos. Eu odeio isso ! Há, até quem diga que sou sociopata. Nossa, fiquei preocupado! 

Vou começar a seguir os padrões !

Mas sabem quais padrões? OS MEUS ** :

Vou continuar amando Rock 'N' Roll, vou continuar falando com Deus aqui em minha casa mesmo, vou continuar sendo visto com olhos tortos pela sociedade, sim, mas vou continuar como sou:
Alegre, feliz e satisfeito,
pois bem após os cinquenta,
não ter as rugas, mágoas e padrões  de alguns de quarenta......
e o Rock 'N' Roll? Ele me aguenta*****

"Não existe um caminho para a felicidade. A felicidade é o caminho". (Mahatma Gandhi)
Juma Durski



Ao reler esse texto, pois já o havia lido antes, tive ainda maior certeza da minha falta de padrões, se isso ai exposto for falta de padrões... Também não concordo com muitas coisas que se apregoa por ai afora em nome dos “Padrões da Sociedade”.

Em minha humilde concepção muitas dessas coisas que Juma, cita como estando “fora dos padrões” segundo a sociedade, é na verdade, falta de ética, de moral, de amor ao próximo e a si mesmo, pois não sei como alguém pode julgar um seu semelhante pela maneira como se veste, pela maneira como vive ou como se comporta no seu cotidiano. Ninguém tem que seguir os moldes de ninguém, tem sim que se adequar naquilo que lhe faz bem, principalmente se isso promover o bem de mais alguém. Comportar-se como a maioria quer, não garante caráter e nem integridade de ninguém, aquilo que está dentro da alma e do coração, só é conhecido por Aquele que nos criou. Nós mesmos desconhecemos às vezes a força que temos.

Navegando pelo blog do Juma, encontrei uma outra matéria que ao meu ver deve ser destacada como esse bem que ele, com sua Rádio Blog promove.

Destaco a matéria, também na íntegra, onde Juma escreve, e humildemente se diz não saber escrever... Sabe sim, e sabe mais, ele sabe de gente, sabe de pureza, sabe de amor... E mais uma vez comprova isso com o post abaixo. Sem mencionar, que eu mesma já tive espaço no seu blog por três vezes e pasmem, sem fazer nada para merecer isso. Daí, minha admiração por essa pessoa que não poupa tempo para levar sua mensagem de paz e bem. Segue mais um dos posts do nosso amigo Juma.




.....NÉIA ......LUIZ.......E .....ELSA *****
                                              Por Juma Durski

Penso que expressar sentimentos através da escrita é algo místico. Algo que flui em momentos de inspiração, de estados de consciência alterados, como se estivéssemos em sintonia com Deus.

As palavras fluem como uma leve e doce brisa de dentro de nós.
Ficamos compenetrados e em sintonia com a pureza que temos na alma, no coração, e principalmente com a consciência tranquila, isenta de raiva, ódios e pensamentos negativos.
Parecemos voar, voar nas palavras....como se estivéssemos flutuando em brancas nuvens, embalados pelo vento da perfeição, do amor, da paz.

Quisera eu, saber escrever como alguns grandes amigos, que já fizeram esse blog, tornar-se palco de emoções, saudades, gratidão e paz.
Quisera eu, saber escrever divinamente, como esses amigos que parecem ter pacto com a divindade maior. Parecem que suas palavras descem dos céus, coroadas pela nobreza,coroadas pela inteligência. Parecem vir do Cosmos....do universo infinito...pois suas palavras transmitem alegria infinita.

São seres iluminados!
Queria saber escrever como.....
Elsa Luiza Quandt..como Néia Lambert..como Luiz Antonio Domingues !
São pequenos Deuses da literatura, daqueles que poucos conhecem, daqueles que a mídia desconhece, mas que certamente estão acima da fama, acima da notoriedade. Não precisam disso.

Parabéns à vocês!





               Parabéns sim aos queridos escritores, parabéns à Roza de Oliveira, Presidente da Academia Paranaense de Poesia, que já esteve também sendo homenageada e homenageando ao Juma e, a tantos outros não menos importantes que passaram pelo blog. E parabéns especialmente ao Juma, pela iniciativa tão bela, singela e de amizade ao próximo.

               E para finalizar, palavras do próprio Juma para aquela que gestou o ser que ele é hoje, sua mãe. Nada me apraz mais que ver um ser humano fantástico, atribuindo a outro, todo seu merecimento. Isso é louvável.



            Aqueles que o gestaram. Não apenas enquanto homem, mas sua essência. 


"Foi a maior altruísta que conheci.  Sempre tive orgulho, e pensava: A melhor coisa de minha vida é essa mulher....
É à ela, a quem orgulhosamente, com alegria ......chamo de minha Mãe!
Ser seu filho, valeu a pena ter nascido, e viver sabendo que sou seu filho....é antecipar a ida ao paraíso.
Dona Odete.......te amo com todas as forças de minh'alma"!


Essas são as palavras do Juma, para sua mãe. 





Juma, óh... Beijão na tua alma, embora muitos digam que está fora dos padrões esse dizer, mas não estou nem ai, o que importa é o que o coração manda... Então, beijão na tua alma  limpa e pura, com toda admiração que te tenho.

Andrea Cristina Lopes ( pretensa escritora e poetisa) de Cascavel/Pr.


Mais Vida



"Eu quero mais.

Mais paz. Mais saúde. Mais poesia. Mais verdade.
Mais noites bem dormidas. Mais noites em claro.
Mais sorrisos, beijos e aquela rima grudada na boca". 
                                                                                                            Caio Fernando Abreu

Um lindo final de semana a todos.

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sexta-feira, 24 de junho de 2011

Urgência



Urgência
            Por Andrea Cristina Lopes



Tenho urgência de alegria
Urgência de olhar a vida
Com o que veem seus olhos
E encontrar-me depressa
Com o definitivo.

Urge que o tempo corra
Para que eu não morra
Pedinte
De um pouco de sol
Um pouco de primavera
Em minha vida fria
De solidão e espera








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quinta-feira, 23 de junho de 2011

Encontrei



Encontrei...
            Por Andrea Cristina Lopes


No ávido dos teus olhos
a doçura que meu olhar sonhava
entreguei-me lua clara
no âmago do teu sorriso
mãos afáveis que douravam
de toques os meus cabelos

Abriguei segredo eterno
ao som das palavras esperadas
despertei, íntima, em minha alma
felicidade, jamais sonhada

Alcei vôo, conheci celeste
trajetória dócil,
ondas ornadas dos teus cabelos
me fiz branda de alegorias
e, revelei-me
sem medir conseqüências

Naveguei teus lábios
contornei tua pele
adentrei o mar
toda expressão era vida
em seu frágil delirar

dizias - quero o que existe em ti
mas quero também que queiras
o que de bom existe em mim e assim
desvendou-se me o doce mistério
enigma oculto pelos dias idos
dias idos e não vividos
querendo-te por toda vida

Quanto esperei por teus beijos
quanto almejei esse olhar
se hoje estou mais suave
devo a seus olhos esse sonhar
devo a suas mãos o descanso
mãos limpas que me tocam
na sublime intenção
de acalmar o meu corpo

Cerro tranqüila meus olhos
na convicção de que ao despertar
verei você, primeira efígie
e isso, eu sempre precisei









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domingo, 19 de junho de 2011

Plenitude



Plenitude
          Por Andrea Cristina Lopes


Tudo permanece em silencio
Nem mesmo a  brisa tem iniciativa 
De farfalhar as folhas soltas
Nesse outono levemente frio


As nuvens se dilapidam no céu
O sol tímido se abriga
Trazendo consigo a nostalgia
Do dia que vem sem novidades
Pleno de saudades


O poeta suspira e sorve o ar
Permanece nessa quietude
Onde a paz é a plenitude
Que quer e pode contemplar




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Andrea Cristina Lopes em Poetas Del Mundo


                   Recentemente fui agraciada com uma página em POETAS DEL MUNDO. Gostaria de deixar registrado aqui no DeahCristina - Blogue, toda minha satisfação em fazer parte de um grupo de destaque mundial e com ações reconhecidas pela UNESCO.

A todos os POETAS DEL MUNDO meu abraço muito especial.

        ANDREA CRISTINA LOPES EM POETAS DEL MUNDO




sexta-feira, 17 de junho de 2011

Livres de Espera



Livres de espera
                Por Andrea Cristina Lopes


Já não me indaga mais
a esperança da tua vinda
e não me importuna esse acervo
de horas vazias, vazias de espera
vazios de encantos e vazias
de tantos não vires

Fartas apenas de prantos e dores
ofertadas por tuas mãos às minhas
d'onde por tanto alimentaram-te
os carinhos sem nada pedir-te
a não ser pela cor dos teus olhos
que combateram-me mortalmente
em minha demente e longa
vida de espera, de cúmplice
da tua alma, antes branda,
a melhor comparsa

Satisfaz-me simplesmente pensar que estás
e é assim que o hoje é melhor que o ontem
ou que semana passada, ou que na vida passada
ou … no que no sonho podado e jogado fora
ao pó da boçal amargura
único alimento que ora te sustenta
e resta

E se já nada mais há
ou que ainda me possas dar
dá-me do teu silêncio, da tua alma
desse fruto maior do teu tempo
e poupa-me do veneno cruel
com que te banhas envergando
e matando tua alma, e assim
à minha

Deixas-me, vez mais, te tocar
indo que nas mais longínquas
e remotas lembranças,
não tiras-me o doce sabor de te saber
ser toda esperança de uma meia vida
suspensa e reprimida

Permitas-me, um pouco mais a existência
se a ti mesmo não te permites
comigo, a coexistência
e quiça jamais novamente serás
capaz dum gesto novo, dum sonho novo
com a alma alva e recém amanhecida
em uma manhã clara de sol e plena
de quietude

E nesse silencio que é súplico
lanças-me ainda de teus olhos
um pouco mais e antes do amém
...
não te seja roubado o sonho
por aquilo que não vês
ou não assimilas
ou que te foi pelo tempo, tirado
e que não está em minhas mãos
sôfregas da tuas condutas
decisivas

Furtivo é esse tempo
que nos massacra à vontade
e dela nos arranca sagaz
sem termos horas certas
ou certeiras horas, só mortas horas
num sonho antigo, ora postergado
pela demora do destino
que não cumpre com sua parte
a parte mais bela e real
dessa história




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quinta-feira, 16 de junho de 2011

Sob o luar - teus olhos


Sob o luar – teus olhos
                                                                Por Andrea Cristina Lopes


Teus olhos sob o luar
São trapiches luminosos
D´alma sedenta de amar


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quarta-feira, 15 de junho de 2011

Dor



Dor
    Por Andrea Cristina Lopes


Sufoco meu desespero
meu íntimo, meu grito
e nesse aflito não ter
tenho, só um misto
de tormento
e falta

Sorvem-me flores e lembranças
então dispo-me nos versos
que utopicamente espalhei
sobre o teu peito
lugar onde repousei
todo meu cansaço
e espera

Sofro, morro um pouco
e sofregamente me recolho
ao teu silencio quase mortal
onde nada é mais real
que esse dor
que se prende
nessas lágrimas ocres
e sem ação

Nada é tão intenso
e meu momento é
o desmanchar-me,
intento de desmistificar
o que não se desconstrói
tentativa de vida
onde quase tudo ruiu
ou se perdeu
antes de fluir

O hoje manifesta o tempo
tempo de recolhimento
tempo de parar
e apenas esperar
que o rio siga
na sua paz de sempre
na sua constância de sempre
na sua ânsia
de ir ao mar

Que sigam então suas águas
para outra dimensão
para um outro lugar
onde teus olhos
não retardem tanto
a me entrecortarem
outra vez

E nasçam de novo
novos e atentos
em um outro
momento
menos densos
de contratempos
talvez






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terça-feira, 14 de junho de 2011

Com os olhos do Amor




Com os olhos do Amor
                           
  Por Andrea Cristina Lopes

Friamente é que a tarde se encerra
E a noite calma quase se principia
Meus olhos recebem, então, as bençãos
P'ra presenciar o nascer de novo dia

Elevo meu olhar bem para o alto
O amor dos céus então posso receber
É claridade penetrando-me as células
E minha alma toda se faz estremecer

Amor é dom, é dádiva suprema
Agua limpa para toda sede saciar
Amor é entrega, é perdão, a ternura
Motricidade que ao universo faz girar



               


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segunda-feira, 13 de junho de 2011

Acervo de Felicidade

Acervo de Felicidade
                         Por Andrea Cristina Lopes

 
É mesmo a felicidade algo engraçado. Surpreende-nos em determinados momentos em que não imaginamos nos submetermos e, ainda assim, nem sempre dura por um tanto tempo quanto gostaríamos.

Hoje, olho com atenção para todas essas pessoas que vão e voltam; transitam displicentes por esses corredores enormes e inacabáveis do shopping, nesse final de dia. Um final frio de dia, que lento, caminha para o anoitecer.

Há uma dezena, pelo menos, de transeuntes que se acomodaram meio que dormentes nas bancadas que dá para o teatro de bonecos. Estranho, pois hoje é terça feira e só há espetáculo previsto para o sábado.

Permanecem ali sonolentos, recolhidos, introspéctos a esperarem, não imagino pelo quê. Seus pensamentos vagando, a pairar sozinhos. São ausentes de tudo à sua volta. Sabe-se lá, assim como eu, onde gostariam de estar.

Vejo-os em seus incessantes passos, esses outros que caminham ao meu encontro. Tenho a nítida impressão que também, não vivem, Estão zumbificados. Apenas passam por entre os dias e anestesiados, seguem. Sem tempo algum para suas coisas particulares, dividem-se apenas entre trabalho e trânsito. Quase sem permanência em suas casas e seus entes. São passageiros em suas próprias vidas. Entram e saem dela sem muita ou nenhuma manifestação de gozo. Já não há espaço em seus dias, para se darem ou para que se recebam mutuamente.

Não me é possível imaginar que tipo de rotina se esconde sob os óculos daquele que ora observo, de terno escuro, alto, passos firmes, elegante. Apenas o tom de pele empalidecida o denuncia quanto à falta de sol. Caminha. Passos cronometrados em minha direção e, no entanto, não me vê.

Os prédios dessa cidade grande, bela e limpa, estão tão juntos, que tornam tudo muito mais frio. A luz quase nunca tem vez nesses vãos entre os edifícios. Alguns deles chegaram mesmo a ganhar uma tonalidade cinzenta pelo limo que se acumula pela falta de sol direto. Falta luz. Não só nas paredes, mas também nas construções enfileiradas até onde o topo da rua recomeça a descer, onde o sol se deita bem pelo final da tarde.

Essas pessoas que me transpassam nessa minha igual condição, são apenas rostos que insólitos avançam. Rostos sem vida, sem história, sem futuro conhecido, sem presente que se saiba. Passam e não veem nada. Que verdades estarão segredadas dentro de cada uma dessas faces, desses olhares fixos, desse ir e vir sem promessas? Sem talvez conhecerem a esperança no dia de sol de um provável amanhã, que pode ou não se achegar.

Esse frio me congela os ossos. Faz com que doam e ainda carrega em si, uma ponta de saudosa lembrança. A lembrança de um dia de calor. De um dia de muito sol. Sol a pino. Por volta do meio dia, quando o relógio solar não deixava dúvida alguma. Era um dia azul. Um azul quase agonizante.

Tínhamos fome. Era tarde. Perdemos a noção completa das horas. Nosso tempo e espaço resumiram-se em apenas nós dois. Decidimo-nos que iríamos até o shopping. Por lá procuraríamos algum lugar aprazível para comermos algo. Não fazíamos nenhuma questão de como fosse esse lugar, ou melhor, dizendo, esse não lugar. O que importava mesmo era o estar, o estarmos. E estávamos.

Tudo se mostrava tão perfeito que ríamos até mesmo a toa. Ríamos de tudo. Tudo nos era motivo para o riso. E quando parávamos e nos olhávamos, ríamos novamente. Dois adolescentes fora do tempo, fora do espaço, fora do acreditável.

Perguntamos para uma moça que estava parada ali no ponto de ônibus, se ela sabia o qual deveríamos tomar; o que nos levaria ao nosso destino. Ela, muito gentil, nos informou que seria o "duzentos e oito".

Entramos. Pagamos o passe e ficamos de pé. Ele segurava no suporte superior. Eu, não tão alta assim, quase tinha que me pendurar para manter-me firme e não pender. Se bem que se eu pendesse para o lado dele, seu corpo grande me ampararia e o toque dos nossos braços, um no outro era uma espécie de dança. Uma carinhosa dança. Uma demonstração de nosso grande afeto. E nesse estágio ao menor toque, nossa paixão acendia.

O ônibus foi seguindo pela avenida. Era larga e bem arborizada. E isso fazia com que ao passarmos sob as árvores mais frondosas, o calor que era muito, se refrescasse. Era nesse momento que ao respiramos, sentíamos um pouco mais de umidade. Umidade que se resguardava na sombra. E estávamos em pleno verão.

Aos poucos, fomos nos dando conta de que nos afastávamos do centro. Ao que ele perguntou para a cobradora se demoraria até chegarmos ao shopping. Ela riu. Respondeu que lotação era essa mesma, mas não a direção. Estávamos indo na direção oposta à que queríamos.

Mal conseguíamos manter o equilíbrio. Fomos acometidos de dores abdominais, tanto era nosso riso. Farto. Espontâneo. Contínuo e sem motivos, aparentes. Riamos simplesmente pela vontade de rir. Ríamos pela vida e como manifestação da felicidade que sentíamos. Ríamos, simplesmente pela alegria de desfrutarmos a companhia um do outro. Finalmente, depois de esperarmos um pouco, conseguimos tomar a condução correta. O destino tão sofrido, enfim nos chegava.

A fome já era intensa. Fizemos nossa opção e nos servimos em um restaurante muito agradável e claro, ali no primeiro piso mesmo e ao lado de uma galeria que dava para lojas de roupas e livrarias.. Nelas, transitavam pessoas com aspecto alegre e jovem. E em suas faces exuberantes, iam e vinham, sem compromissos nenhum com o tempo que se expandia.

O calor continuava muito. Conversávamos descontraidamente sobre assuntos vários. Vez ou outra nossos olhares se tocavam e se riam. No entanto, nesse momento nossas crises de risos não se estendiam nos deixaram, enfim.

Falávamos de coisas simples e corriqueiras do dia a dia, como por exemplo, em como deixar o quiabo mais saboroso, e sequinho se for usado um pouquinho de limão ao refogá-lo. Falamos sobre o arroz branco com pequi, peixes e outros assuntos igualmente descompromissados.

Em um dado momento ele cortou delicadamente um pedaço da carne com que se servira um tempo antes. Espetou-a com o garfo e a conduziu na direção da minha boca para que eu saboreasse. Apreciei tanto seu gesto. Seu carinho. O cuidado e delicadeza que tinha para comigo faziam com que eu me sentisse totalmente protegida ao lado dele. Vez ou outra ele me adentrava com seu o olhar. Era quando todo o azul com que ele estava envolto, também me sorria.

_ Experiente amor! Está uma delícia essa carne! Disse olhando-me nos olhos. Os mesmos olhos de sempre, antigos, claros, densos e amarradiços..

Seus olhos azuis me invadiam. Desnudavam-me sem nenhuma dificuldade. Era como se eu tivesse que fugir para que não me tragassem pra si, porém, quanto mais tentasse fugir, muito mais perto eu me fazia. Apenas sorri e provei. Sem, no entanto, sair de dentro da sua cor, sem desviar-me da porta umedecida que sem previsão nenhuma de tempo, conduzia-me para dentro. Lugar de onde jamais eu quereria sair.

Tudo que chegava até mim que tivesse vindo pelas mãos dele tinha sabor especial. Com ele e por ele eu era eu sentia-me especial, única, ninfa divina e carnal ao mesmo tempo. Fada azul. Uma fada que trazia em si os melhores sonhos azuis. Sonhos que desejei compartilhar apenas com ele.

Torno a mergulhar mais uma vez em seus olhos. Eles eram como um dia de sol em baía clara e cristalina.

Lembranças eternas guardadas a sete chaves. São como frutos doces que ora se/me achegam. Memórias que me permitem a existência, a prudência e certeza do novo dia. É um acervo que cerro num baú dourado, e escondo a chave. Para que a qualquer tempo me aqueçam quando meus ossos estiverem quase quebradiços pelo gelo a endurecer-me nesse inverno tão rigoroso. Guardo essas lembranças com todo cuidado e esmero que possa ter em minhas mãos. Oh senhor, e quão pequeno é esse meu acervo!

Talvez seja comum pensar em algo quente quando se está à mercê desse frio que a que ora me exponho. Como saber? Pelo menos tenho comigo uma certeza: depois do inverno o que vem é a primavera. Sempre é. E, é essa a ordem natural do tempo. Das estações. Talvez eu ainda esteja lúcida o suficiente para saber isso, que estação vem antes ou depois da outra. Talvez eu ainda me encontre lúcida na próxima estação. E saiba que nenhuma delas se equivale à outra. Cada qual com seus encantos. Apenas o inverno com seu rigor é que me é tão difícil. Preciso voar para onde o sol não se esquive. Talvez eu voe, ainda antes do próximo início de estação.

Proponho-me aproveitar ao máximo esse tempo até lá, tempo em que talvez eu vá para o sol, como pássaros que fogem quando chega o frio. Talvez eu apenas me afugente sob os cobertores de minhas invenções. E talvez ainda, vez ou outra eu refaça esse meu pequeno acervo, escrevendo e me eternizando nessas pequenas histórias. Preciso concentrar mais algum tempo ainda no que me resta, nessa vida, nesse pequeno arquivo, meu acervo particular daquilo que chamam felicidade. E que eu tão particularmente e de um modo todo meu, conheço apenas por saudade.

Aos poucos me desperto desse transe e me percebo aqui cabisbaixa nessa bancada que dá para o teatro de bonecos. Assim como os demais, imagino ludicamente meu pensamento se esvaindo da minha mente e sobrevoando os corredores frios. São como névoas coloridas com formas fantasmagóricas que chegam e se vão, em cores flutuantes.

Hoje ainda é terça-feira e só haverá espetáculo no sábado. Mas que importa? Meus olhos se acostumaram à sensação e doravante eles também olham e, no entanto, também já não veem mais nada.





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domingo, 12 de junho de 2011

Percepções



Percepções
                  Por Andrea Cristina Lopes


E quando do final da noite
O que se projeta
É a solidão
Acompanhada, ou não
E uma dor lastimosa
... pulsante

E que todos se foram
E na carne solitária
Só a saudade embala
As memórias de um amor
E de seus instantes



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