quarta-feira, 15 de junho de 2011

Dor



Dor
    Por Andrea Cristina Lopes


Sufoco meu desespero
meu íntimo, meu grito
e nesse aflito não ter
tenho, só um misto
de tormento
e falta

Sorvem-me flores e lembranças
então dispo-me nos versos
que utopicamente espalhei
sobre o teu peito
lugar onde repousei
todo meu cansaço
e espera

Sofro, morro um pouco
e sofregamente me recolho
ao teu silencio quase mortal
onde nada é mais real
que esse dor
que se prende
nessas lágrimas ocres
e sem ação

Nada é tão intenso
e meu momento é
o desmanchar-me,
intento de desmistificar
o que não se desconstrói
tentativa de vida
onde quase tudo ruiu
ou se perdeu
antes de fluir

O hoje manifesta o tempo
tempo de recolhimento
tempo de parar
e apenas esperar
que o rio siga
na sua paz de sempre
na sua constância de sempre
na sua ânsia
de ir ao mar

Que sigam então suas águas
para outra dimensão
para um outro lugar
onde teus olhos
não retardem tanto
a me entrecortarem
outra vez

E nasçam de novo
novos e atentos
em um outro
momento
menos densos
de contratempos
talvez






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