Longos dias
Por Andrea Cristina Lopes
Por vezes penso que apenas fechei os olhos
e que logo mais
a igreja repicará insistentemente
o sino das horas,
que o tempo não se deu
e que já é tempo de a tempestade findar.
Que ao abrirem-se as janelas dos meus sonhos
sob o som estridente chamando para dia,
em respingos de luz na cortina,
verei tudo igual, como sempre quis,
como sempre sonhei pelo infinto
em que se deu a crença.
E a verdade será o amor
o domínio e a permanencia do amor brando
sem tolices... sem quimeras
e sobretudo sem nenhuma demora
porque essa, arrasa aos dias
e amedronta deveras quando é noite
se a luz se armazena
em horas, horas e horas a fio...
de uma sempre inútil
e inquietante espera.
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Dos Amores Imortais
Por Andrea Cristina Lopes
Não sei o quanto nasci
para esses amores imortais,
desmedidos e ditos
sem explicação.
Pois estes sempre
chegam e se/me vão
descuidados,
sem falsos cerimoniais.
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Estranheza
Por Andrea Cristina Lopes
E dessa estranheza
Em que me percebo
Determino condições
Para uma reação em cadeia.
O labor por minhas mãos
Ora produzidos
Desenvolvem-se por si só
Mecanicamente
Sem que o interfira
No plantio
Dessa minha ora não razão.
Meus passos, alheios
Vão sortidos e sem finalidade
Não esperam por nada
É apenas um absoluto estranhamento
Desse tempo não comum.
E nesse embalo
Onde falta-me uma metade
Já não respiro saudade alguma
Nem esperança alguma
Sou só e apenas um aparte
Entre os dias que ficaram para trás
E os que me esperam
Depois da noite.***imagens google***
Ora sim, Ora não
Por Andrea Cristina Lopes
Na
verdade não parecia ser meu coração que doía. Era um pouco mais que
isso. Todas as minhas vísceras eram solidárias e doíam em conjunto.
Eu
não sentia borboletas no estômago enquanto esperava pela resposta que
não vinha. Pareciam-me milhões de pássaros famintos que tentava
desesperados, sair em revoada de de dentro de mim.
Seria um
parto. Um parto múltiplo. Um parto antagônico. Dele morreria a ansiedade
que estava consumindo-me já não tão lentamente.
De repente, a
tosse engasgada. E nem ela era capaz de satisfazer a necessidade de
ficar bem, de estar bem, de voltar a sentir-me bem. Tudo era uma questão
de alguns passos.
Ele estava de costas para mim, observava pela janela.
Botei maior atenção. Seus gestos eram muito firmes e imprevisíveis. O pêndulo que equilibrava a certeza oscilava.
Quase meio dia indicavam os ponteiros.
Expressividade em seu semblante: Ora era o sim, ora era o não.
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