domingo, 27 de novembro de 2011

Longos dias



Longos dias

Por Andrea Cristina Lopes

Por vezes penso que apenas fechei os olhos
e que logo mais
a igreja repicará insistentemente
o sino das horas,
que o tempo não se deu
e que já é tempo de a tempestade findar.

Que ao abrirem-se as janelas dos meus sonhos
sob o som estridente chamando para dia,
em respingos de luz na cortina,
verei tudo igual, como sempre quis,
como sempre sonhei pelo infinto
em que se deu a crença.

E a verdade será o amor
o domínio e a permanencia do amor brando
sem tolices... sem quimeras
e sobretudo sem nenhuma demora
porque essa, arrasa aos dias
e amedronta deveras quando é noite
se a luz se armazena
em horas, horas e horas a fio...
de uma sempre inútil
e inquietante espera.





***imagens google***






quarta-feira, 23 de novembro de 2011



Fim

Por Andrea Cristina Lopes


Esvanece-me tua última imagem
Secam-me os olhos
Não sangram mais e,
Meu peito também,
Já não me dói tanto.

Singraram-me para longe as lembranças
Os dias da primavera
As asas pelo céu
Só restou o silencio de estrelas
Noite adentro.

Mas, ´inda vaga-me de teus olhos
O doce do passado encanto
Por trilhas dilapidadas
Quando o dia, da noite frágil
Incomplacente descolore o manto.





***imagens google***




Da magia da canção



Da magia da canção



O cinza anoitece o azul
A noite se aprofunda macia
Estrelas faíscam em silêncio
Em olhos de canção, a magia.

E não há tempo algum de tristeza
Que habite teu coração
Se teus olhos cumplices de estrelas
Matizam a ternura e a beleza
Dessa partitura da imensidão.




***imagens google***




quinta-feira, 10 de novembro de 2011



Reticências
                  Por Andrea Cristina Lopes


Porque a tua presença
Flutua-me por sobre os olhos
Intermitentes
Insones
De infindáveis esperas

Sem tempo
Já não sou nada
Nem ninguém
Nem penso ser

A não ser por essas reticências
Que sempre se acabam por indagar
Nos simples versos
A que me atrevo
Ao te escrever



***imagens google***




Ontem



Ontem

            Por Andrea Cristina Lopes


Perpetuei-me na nuança da tua pele
Fiz-me então refém, sedenta e faminta dela
Um entardecer inteiro numa recém-pintura
Dessa minha inquietante sensibilidade
Ainda úmida a tinta, pelos dias finais, a tela.

Teus olhos, maciços amparos, me tragam
Os únicos que não distam e ainda me retém
E todos teus sonhos de um outrora recente
Pela força de um céu inteiro me fazem ´inda feliz
Afagam-me e, ainda em dias vindouros me têm.

Dos teus lábios sólidos sorvi tempestade inteira
Sabor e aroma de chuva polvilhada com canela
Um desejo candente, reticente, quase esparso
Só saudade infinita de sonhos que não pude ou fiz
E restam meus olhos à praça, pelo vão da janela.





       ***imagens google***



terça-feira, 8 de novembro de 2011

DOS AMORES IMORTAIS



Dos Amores Imortais

                                 Por Andrea Cristina Lopes



Não sei o quanto nasci
para esses amores imortais,
desmedidos e ditos
sem explicação.

Pois estes sempre
chegam e se/me vão
descuidados,
sem falsos cerimoniais.





***imagens google***

Estranheza



Estranheza

                         Por Andrea Cristina Lopes


E dessa estranheza
Em que me percebo
Determino condições
Para uma reação em cadeia.

O labor por minhas mãos
Ora produzidos
Desenvolvem-se por si só
Mecanicamente
Sem que o interfira
No plantio
Dessa minha ora não razão.

Meus passos, alheios
Vão sortidos e sem finalidade
Não esperam por nada
É apenas um absoluto estranhamento
Desse tempo não comum.

E nesse embalo
Onde falta-me uma metade
Já não respiro saudade alguma
Nem esperança alguma
Sou só e apenas um aparte
Entre os dias que ficaram para trás
E os que me esperam
Depois da noite.





***imagens google***



Ora sim, ora não



Ora sim, Ora não

                         Por Andrea Cristina Lopes

                    Na verdade não parecia ser meu coração que doía. Era um pouco mais que isso. Todas as minhas vísceras eram solidárias e doíam em conjunto.

                    Eu não sentia borboletas no estômago enquanto esperava pela resposta que não vinha. Pareciam-me milhões de pássaros famintos que tentava desesperados, sair em revoada de de dentro de mim.

                     Seria um parto. Um parto múltiplo. Um parto antagônico. Dele morreria a ansiedade que estava consumindo-me já não tão lentamente.

                     De repente, a tosse engasgada. E nem ela era capaz de satisfazer a necessidade de ficar bem, de estar bem, de voltar a sentir-me bem. Tudo era uma questão de alguns passos.

                     Ele estava de costas para mim, observava pela janela.

                     Botei maior atenção. Seus gestos eram muito firmes e imprevisíveis. O pêndulo que equilibrava a certeza oscilava.

                    Quase meio dia indicavam os ponteiros.
                     Expressividade em seu semblante: Ora era o sim, ora era o não.





     


                                                                  ***imagens google***