terça-feira, 8 de novembro de 2011

Ora sim, ora não



Ora sim, Ora não

                         Por Andrea Cristina Lopes

                    Na verdade não parecia ser meu coração que doía. Era um pouco mais que isso. Todas as minhas vísceras eram solidárias e doíam em conjunto.

                    Eu não sentia borboletas no estômago enquanto esperava pela resposta que não vinha. Pareciam-me milhões de pássaros famintos que tentava desesperados, sair em revoada de de dentro de mim.

                     Seria um parto. Um parto múltiplo. Um parto antagônico. Dele morreria a ansiedade que estava consumindo-me já não tão lentamente.

                     De repente, a tosse engasgada. E nem ela era capaz de satisfazer a necessidade de ficar bem, de estar bem, de voltar a sentir-me bem. Tudo era uma questão de alguns passos.

                     Ele estava de costas para mim, observava pela janela.

                     Botei maior atenção. Seus gestos eram muito firmes e imprevisíveis. O pêndulo que equilibrava a certeza oscilava.

                    Quase meio dia indicavam os ponteiros.
                     Expressividade em seu semblante: Ora era o sim, ora era o não.





     


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