quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Ontem



Ontem

            Por Andrea Cristina Lopes


Perpetuei-me na nuança da tua pele
Fiz-me então refém, sedenta e faminta dela
Um entardecer inteiro numa recém-pintura
Dessa minha inquietante sensibilidade
Ainda úmida a tinta, pelos dias finais, a tela.

Teus olhos, maciços amparos, me tragam
Os únicos que não distam e ainda me retém
E todos teus sonhos de um outrora recente
Pela força de um céu inteiro me fazem ´inda feliz
Afagam-me e, ainda em dias vindouros me têm.

Dos teus lábios sólidos sorvi tempestade inteira
Sabor e aroma de chuva polvilhada com canela
Um desejo candente, reticente, quase esparso
Só saudade infinita de sonhos que não pude ou fiz
E restam meus olhos à praça, pelo vão da janela.





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